Espaço dedicado aos praticantes e amigos do Squash do Clube Paineiras do Morumby - São Paulo - Brasil.


22 agosto 2011

Aos amigos torcedores da lusa...

Como no Squash-Paineiras tem muitos torcedores da lusa, capaz até de lotarem uma Kombi, publico abaixo texto interessante que achei no site http://www.esportefino.net/.
Antes de tudo, uma homenagem ao futebol, esporte que adoro como torcedor do timão.
Então, considerem o texto abaixo não só para os torcedores da lusa, mas para todos os torcedores...

A autora é Carolina Mendes, escritora, paulistana e defensora do gol de mão(?!?!).
Boa leitura...

"Quando eu digo que torço para a Portuguesa, as pessoas me olham com desconfiança. Sabem do meu passado são paulino, ou acham que eu estou mentindo. Não estou.

Confesso que no começo foi por malcriação. Ano passado, estava irritada e envergonhada com o meu ex-time e comecei a procurar uma opção. Filha primogênita de um sujeito que adorava futebol, fui do pai e não da mãe. Cresci vendo futebol de domingo com o meu pai, deitada no sofá e falando palavrão. Vendo futebol podia falar palavrão.

Mesmo sendo do pai, nunca tive vontade de escolher o time dele. Escolher o da mãe seria considerado traição, considerando que ele era palmeirense e ela, corintiana. Fiquei quieta até aparecer o Raí na minha vida. Era um fenômeno, e eu que nunca soube lidar com derrotas, abracei a causa vitoriosa. Quase todos os meus amigos também são, por motivos diversos mas impulsionados pela época próspera. Estava armada a minha vida futebolística.

Tempo passou, eu cresci, fui descobrindo outros valores e comecei a me aborrecer. Me aborrecer com as piadinhas, me aborrecer com o clube, me aborrecer com os ídolos que seguiram. Não precisa ficar histérico, amigo são paulino, é como eu sinto e vejo as coisas. Fiquem a vontade, não estou julgando ninguém, mas chegou num ponto que pra mim não servia mais.

Futebol é responsável pelo primeiro pescotapa que o mundo nos dá. Você tem um time, ele ganha, e você aborrece os amiguinhos que torcem pra outros times. Aí seu time perde e você tem que dar a cara a tapa. E sua mamãe não pode fazer nada, e não pode controlar as maldades das outras crianças. Ela pode desligar a TV da sua casa antes do apito final, mas não pode desligar as TVs das outras casas.

Eu que, neta de um catalão expatriado pelo Franco, torcia pra um time que teve uma ligação bastante curiosa com o governo militar, me peguei sem time. E aí lembrei dos times românticos, escolhi a Portuguesa. Aquela que é segundo time de todo mundo e que tem uma torcida que cabe numa Kombi. Escolhi e fui a um jogo.

Meio do ano passado, a Lusa na série B do Campeonato Brasileiro, um frio medonho. MEDONHO. Maço de Marlboro, máquina fotográfica, umas dilmas pra comprar uma Coca zero e um dos infames bolinhos de bacalhau. Fui sozinha e me apaixonei.

No minuto em que entrei no Canindé pela primeira vez. Olhei os rostos, as crianças, os velhos, os bigodes e os clichês. Cara do amendoim que as pessoas conhecem pelo nome. Nenhum momento de medo, nenhuma atitude da famosa Leões da Fabulosa, que até aquela noite era descrita pra mim como a irmã violenta do Taliban.

Futebol, bolinho de bacalhau, Coca zero, 2 gols pra Lusa e 1 gol pro outro time.

Era isso que eu queria: sentir tesão e ver futebol, independente do resultado. Do ano passado, guardei todos os ingressos das idas solitárias ao Canindé e o gosto amargo de não ter subido para a série A. Curado meu amor pelo futebol, voltei ao SPFC? Nem fodendo. Tem algo de mágico na Lusa e no Canindé, um jeitão despretencioso e estabelecido, seguro de que uma derrota é só mais uma, assim como uma vitória é só mais uma. E que filhos, netos, amigos, e netos e filhos do vendedor de amendoim estão e estarão lá. E a Carolina, que segue apaixonada e que acredita que a Lusa sobe esse ano, como acreditava no ano passado.

Carolina que vai acreditar e ir ao Canindé enquanto tiver amor pelo futebol, tesão por esse bueiro encantador que é a cidade de São Paulo, e pela vida. O cigarro a céu aberto, sob sol escaldante, na arquibancada do Canindé é dos prazeres que eu descobri no último ano que mais me alegram. Exagero? Qual o seu time? A Lusa é que não é. Fosse, você entenderia.

Em tempo: terça eu fui ao Canindé, e a Lusa perdeu. Aos trombeteiros do apocalipse praticantes de bullying: foi a primeira vez que eu vi a Lusa perder ao vivo neste ano, não é meu o pé frio. A torcida cantou e empurrou mas o nosso gol não saiu. Fiquei feliz por não conseguir parar o carro dentro do estacionamento do estádio porque estava cheio, e eu espero que fique cada vez mais cheio.

O trânsito, atravessar o centro da cidade, ficar parada na Marginal Tietê de olho nos holofotes do Canindé, sozinha no carro. Levar uma Heineken pra beber antes de entrar, e passar 2 horas ali ouvindo meus amigos torcedores com um olho no jogo e outro nos filhos: amor. É isso que futebol tem que ser, xingar a mãe do juiz enfurecidamente, virar pro cara que tá do seu lado e rir.

Fiquem com os times badalados de vocês, deixa a gente na Kombi, comendo bolinho de bacalhau, brigando pra chegar na Série A, vivendo bem pra caralho.
"

4 comentários:

Marcelo disse...

Esses dias tinha visto esse mesmo texto eu acho, é de emocionar mesmo!

SOBEE LUSA

Mario Antonio disse...

Maravilhoso. O Leandro tem um amigo que do mesmo jeito começou a torcer pela Lusa e hoje é fanatico. Ainda vamos ser a maior torcida do Brasil

Anônimo disse...

Mario!!!

Voce ta querendo um milagre!!! a Lusa só vai ter a maior torcida do Brasil quando o Paulo Richter ganhar a categoria A... fácil essa missão de torcer para a Lusa e para o Paulo Richter!!!.... KKKKKKKK

Carolina disse...

Gostaria de agradecer os elogios e comentários a respeito do meu texto.

Obrigada, mesmo.

Carolina Mendes