Nosso amigo Guillermo, depois da fazer a final do Torneio de Páscoa deste ano, deu uma sumida... Tudo calculado pois já estava focado na Volta da França deste ano. E lá foi ele! Abaixo, relato dele que será publicado no site http://www.race.com.br/ mas que, antes de tudo, está aqui no blog....
Parabéns Gui, deve ser muito legal participar de um evento tão grandioso como este!
Pedala Gui...
"Estivemos em um grupo de 12 pessoas viajando pela França do dia 14 ao dia 30 de Julho. Esse time era formado por: Adriano “Contador” Barretto, Marcia Barretto; Clauber “Schlegs” Tieppo, Teresa Tieppo, Alexandre “Vaiverde” Caland, Marcia Cardinali; Cristhiano “Van de Lorde” Bellini, Eduardo “Runken & Bebem” Silva, “Cris carMarco” Lauria, Ligia “Mira e Vai” Souza, Mônica Sepúlveda e eu. Os apelidos de cada um podem ser explicados com mais detalhes por cada um deles !
Chegamos na França no dia 14 de Julho (feriado nacional), debaixo de muita chuva, o que causou atrasos em alguns dos vôos que o time estava. Nossos guias/amigos na França nos esperavam em Toulouse para nos levar até o destino de nosso primeiro hotel na pequena e simpática cidade de Lestelle-Bétharram, próxima de Pau e de Lourdes. Essa cidade foi nosso “quartel-general” para a preparação para o desafio ciclístico que tínhamos pela frente.
O principal objetivo da viagem, em termos ciclísticos, era a participação no L’etape Du Tour. Em sua 18º edição, o L’etape comemorou os 100 anos de participação dos Pirineus no Tour de France e foi um dos percursos mais desafiantes para os ciclistas amadores, perdendo apenas para a edição de 2007. Foram 181 km com cerca de 4.500m de desnível – com 01 montanha categoria 4, 02 categoria 1 (Col de Marie Blanque e Col du Soulor) e o último desafio que era o Tourmalet (HC = Hors Categorie, com 19km a 7,4%).
No dia seguinte de nossa chegada, montamos nossas bicicletas e partimos para um reconhecimento do terreno. Fizemos um percurso de cerca de 70km no qual estava incluído o primeiro grande desafio da prova, o Col de Marie Blanque (9,5 km a 7,5%), e que segundo nosso guia e amigo Didier, seria o principal desafio da prova, pois tem em seus últimos 4kms uma inclinação superior a 10%. De fato, depois do treino, os comentários da turma eram de que seria mesmo uma montanha das mais difíceis. No dia seguinte, o reconhecimento do restante da prova. De carro percorremos os 22km do Soulor e partimos em seguida para o temido Tourmalet. Quase todo o time desembarcou do carro no pé da montanha e pegou as bikes para subir o Tourmalet – Adriano e eu ficamos no carro para dar o apoio psicológico (he He He). Na verdade eu fiquei sem pedalar nesse dia pois estava receoso do possível desgaste faltando apenas dois dias para a prova e o Adriano estava começando a sentir dores nas costas e preferiu também se poupar. O restante da turma encarou 30km de pedal, com os 19km de Tourmalet sendo feitos em um ritmo bastante tranqüilo para todos. No topo do Tourmalet almoçamos uma boa macarronada para ir acumulando os carboidratos para a prova, e os comentários de quem pedalou era de que o Tourmalet não era tão monstruoso assim, entretanto teria que ser muito respeitado, pois viria depois de mais de 160km de prova !!!
No sábado fomos na vila do L’etape na cidade de Pau. Sempre bem organizada, a retirada de kits foi tranqüila e logo depois fomos para lojinhas que ficam na vila fazer as compras; pois afinal, o que é uma viagem sem compras. Na vila encontramos com o Thiago e o Paulo Pontes e a notícia triste veio quando soubemos que o Paulinho não poderia fazer a prova pois tinha pego um vírus forte que o impediu de participar – mas afinal ele já tinha cumprido sua missão do ano, fazendo uma das provas mais difíceis de mountain bike - o Cape Epic. Fica a vontade acumulada para ano que vem.
O dia da prova (Domingo 18 de Julho): como em todas as vésperas de prova, a noite de sábado para domingo foi de muita ansiedade e dormir não foi das tarefas mais fáceis. No sábado se juntou ao grupo o Carlos Guimarães, que compartilhou conosco no jantar sua experiência de participar na prova “La Marmotte” 15 dias antes (180km com cerca de 5.00m de desnível). Depois da macarronada do sábado a noite – organizada pelo nosso amigo Didier, cada um foi para seu quarto com seus pensamentos sobre a prova. Alguns mais ansiosos e outros extremamente tranqüilos. Acordamos um pouco antes das 5 da manhã para um bom café da manhã, chegando na largada perto das 06:20hs onde ficamos ansiosamente aguardando a largada oficial as 07:00hs. O grupo estava separado ao longo dos “currais” de largada – Marcia bem na frente (em um dos primeiros currais), logo depois Alexandre e Lauria; no curral seguinte a maioria da turma (Adriano, Clauber, Carlos, Edu, Ligia, Cris e eu). A largada aconteceu sem maiores problemas e lá fomos nós para enfrentar os 181km de desafio. No começo formam-se alguns pelotões e buscamos nos encaixar em um deles para manter um bom ritmo até o pé do Marie Blanque. Subimos o Marie Blanque até o km 7 no qual tivemos uma surpresa - tivemos que descer de nossas bicicletas e caminhar por cerca de 1,5km devido ao grande congestionamento de ciclistas (nesta edição foram cerca de 10.000 inscritos). Os ciclistas mais rápidos não pegaram o “trânsito” no Marie Blanque e se livraram de andar (Marcia e Thiago que o digam). Depois dessa pequena caminhada montamos nas bikes de novo e fomos em direção ao nosso primeiro “pit stop exclusivo” no km 94, muito bem estruturado pelo nosso guia/amigo Didier. Vale destacar a descido logo depois do Marie Blanque, de muita beleza e de uma velocidade muito boa. E no final da descida até a chegado ao pit-stop embarcamos em alguns bons pelotões de muita velocidade, destacando inclusive que em um deles tivemos três locomotivas brasucas puxando o mesmo (Clauber, Cris e Adriano) fazendo um incrível “roulez”(que é como os franceses chamam o revezamento lá na frente do pelotão).
Em seguida partimos até o pé do Soulor passando por várias pequenas vilas nas quais temos várias pessoas gritando e dando força aos ciclistas que estão na prova – isso é algo inesquecível quando se participa do L’etape; a alegria e a participação do povo francês com o ciclismo, sejam crianças sejam pessoas de mais idade, todos aplaudindo e apoiando ao longo de toda a prova. Chegando no pé do Soulor, depois de quase 10km de subida “leve”, começou o que foi para a maioria uma das partes mais difíceis da prova. O sol estava alto e forte, a temperatura subindo e o Soulor que parecia tranqüilo da janela do carro no dia do reconhecimento mostrou seu poder. Logo na primeira curva ao subir a montanha vieram as primeiras cãibras e o filme de ter sido alcançado pelo carro vassoura no ano passado começou a passar na minha cabeça de novo; e ainda faltavam cerca de 70km de prova. Encontrei um brasuca nessa hora (Marcelo Tieme) que me disse: “Não para, pedala com cãibra mesmo que passa”. E foi o que fiz, continuei a pedalar e logo depois de me hidratar e tomar cápsulas de sal me senti bem novamente. Foi uma batalha mental a subida do Soulor, mas chegando no final dele tive a certeza de que desta vez terminaria a prova. Encontramos no topo do Soulor o Thiago, que não se sentia bem, mas continuou mesmo assim. Reabastecemos as caramanholas e fomos “morro abaixo”..............uma descida sensacional, visual maravilhoso e velocidade fantástica. O grupo todo curtiu demais essa descida – uma das melhores que já fizemos. Ao final da descida eram mais 35km de plano até chegarmos ao nosso segunda “pit stop exclusivo”. Nessa altura da prova, o grupo que começou junto (Clauber, Adriano, Cris, Ligia, Edu e eu) já estava separado pela dificuldade do Soulor. No pit stop encontramos o Clauber e a Ligia (que teve um pneu furado) e soubemos que o Edu e o Adriano tinham acabado de sair rumo ao Tourmalet. Reabastecemos e fomos para o último desafio do dia. Chegando no pé do Tourmalet o cansaço acumulado da prova faz de fato com o que essa montanha seja um grande desafio. Colocamos um passo e seguimos morro acima. Algo fundamental foi a ajuda que os franceses dão ao longo da subida; sem receber nada em troca (apenas nossa imensa gratidão) existem pessoas que te ajudam jogando água na cabeça e no corpo que te ajudam a esfriar o imenso calor que faz e agüentar por mais tempo a batalha morro acima.
Fizemos a subida do Tourmalet com apenas uma parada para reabastecimento de água, a qual estava a cerca de 8km do final. Os últimos 5km da prova foram para mim de uma eterna felicidade e curtição pois àquela altura da prova tinha certeza de que terminaria, me sentia muito bem e tinha tempo de sobra para terminar. Fomos curtindo cada momento e tivemos tempo até para parar no toten que marca o último quilometro e fazer uma pequena filmagem com o visual que se tem de lá de cima. Cruzei a linha de chegada com lágrimas nos olhos e pensamento na família – indescritível a chegada em uma prova dessas. Desde a subida do Soulor até o final de prova estive acompanhado pelo Cris. Não posso deixar de escrever que a ajuda dele foi de fundamental importância para esse feito e quero mais uma vez agradecer pela força !!!!
Depois de cruzar a linha de chegada oficial ainda tínhamos mais 4km de descida até a entrega das medalhas e a vila final da prova. Fui um dos últimos de nosso time a chegar, mas a felicidade de terminar essa prova foi tão grande quanto a alegria de encontrar todos os meus amigos e minha esposa me esperando – a torcida dos amigos para que eu completasse a prova foi algo que levo para o resto da vida !!!!
Dos resultados de nosso time, é importante destacar o 10º lugar em sua categoria e 15º no geral feminino da Marcia Cardinali. O restante do time chegou entre 10 e 11 horas de prova. Obrigado à RACE e em especial ao Ricardo Arap pela força e pelos treinos. Valeu mestre !!
Para contar o restante de nossa viagem tomaria muito espaço do site e portanto decidi apenas contar o L’etape; mas posso garantir que o grupo se divertiu muuuuito. Foram vários dias de muito pedal, boa comida, muuuuuuito vinho e algumas cervejas. Além é claro de muitas risadas pois essa turma é sensacional – cada um tem seu carisma e cada um é especial. Temos várias histórias, algumas muito boas, como por exemplo um famoso ortopedista subindo em um tanque da segunda guerra depois de muito vinho; outra é o sonho de alguém que não via a sua amada já fazia alguns dias, e sonhou que era massagista de uma equipe feminina de ciclismo................e por aí vai. Deixo isso para um bom papo com cerveja e vinho e para nosso Adriano “Contador” !!!!
Abs
Gui”
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3 comentários:
Quando é o próximo feriado? É tão grande que precisa de um feriado para ler.
Em todo caso, parabéns ao Guillermo. Isto é daquelas coisas que a gente não esquece e depois conta para os filhos, para os netos,....
Caramba,nas ferias eu leio.
Parabéns Gui!
Com certeza você pedala melhar que joga, mas não deixe de jogar.
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